O companheiro João Zinclar morreu no último sábado (19) vítima de um acidente de ônibus. Esse grande fotógrafo deixou uma filha, muitas saudades e um vasto registro das lutas populares no Brasil.
A fotografia era paixão antiga. Mas foi trabalhando durante muitos anos no chão de fábrica como metalúrgico e atuando como dirigente sindical que João Zinclar forjou sua consciência de classe e sua visão socialista do mundo. Dessa combinação surgiu esse grande fotógrafo operário e operário fotografo, como ele mesmo se definiu. Um fotógrafo a serviço da luta popular e operária.
João Zinclar começou a fotografar com mais de 20 anos de idade e aos poucos a máquina fotográfica passou a ser sua principal ferramenta para contribuir com a luta dos trabalhadores contra o capital. Consigo fazer exatamente o que gosto, esse é o segredo: Fotografia e só, como havia colocado em seu perfil no facebook. Conseguiu viver só da fotografia.
Não acreditava na neutralidade jornalística: suas fotos imprimiam o ponto de vista do povo que luta. Ele fotografava para vários movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicatos e meios populares de comunicação, como Brasil de Fato. No México, colaborou com o Brasil de Fato, Desinformémonos, La Jornada e a revista Biodiversidad. Em 2010, lançou o livro fotográfico «O Rio São Francisco e as Águas no Sertão», depois de registrar por 5 anos a cultura do povo ribeirinho e sua luta em defesa do rio. Ultimamente também registrou a luta contra a hidroelétrica de Belo Monte e o avanço das obras.
Em uma de suas últimas entrevistas, Zinclar afirmava que: Mudar o mundo é tarefa muito maior que a fotografia e se a fotografia quiser cumprir esse papel ela tem que andar pari-passo com os movimentos colocando realidades objetivas e subjetivas, porque não existe verdade absoluta. A foto de João Zinclar certamente cumpriu esse papel.
A seguir confira algumas das belas fotos desse companheiro em duas de suas colaborações para Desinformémonos.
Fotorreportagem com fotos do livro «O Rio São Francisco e as Águas no Sertão»