Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil

Spensy Pimentel e Joana Moncau

Zumbi somos nós

É o nome de um filme feito pelo Frente 3 de fevereiro. A data que dá nome ao coletivo é o dia da morte de um dentista negro recém-formado, em 2004. Caminhava por uma grande avenida da cidade de São Paulo, quando, confundido com um ladrão (pela ‘cor padrão’ dos marginais, justificava o depoimento), foi assassinado pela polícia. “Estava aí revelado: o jovem Flávio Sant’ana morreu por ser negro”, afirma carta da Frente. E concluem: “Zumbi Somos Nós, todos os que procuram converter a violência em uma resistência simbólica”.

Depois de 122 anos da assinatura da Lei Áurea, que marcou o fim da escravidão no Brasil, no país que ainda se vende como sendo o paraíso racial, a violência a que o povo negro é submetido é evidente. Os números deixam explícitas as formas mais grosseiras de exclusão e violência social. Levantamentos sócio-econômicos de acesso à educação, distribuição de renda, violência policial, vítimas de homicídios, população carcerária, expectativa de vida, acesso à saúde e IDH, deixam sempre latentes o lugar social que ocupam mais de 50% da população brasileira, os negros e pardos. Invariavelmente, esses indicadores são sempre piores para eles que para o restante da população. Depois caberá ao leitor somar a essas formas evidentes de exclusão e opressão aquelas mais subjetivas e simbólicas, incitada pelo preconceito e discriminação, sejam eles sutis ou não. Convertê-las em uma resistência é algo digno dos herdeiros de Zumbi.

Zumbi, inspiração da resistência

“A vida de Zumbi, o rei do Quilombo dos Palmares, é pouco conhecida e envolta em mitos e discussões”, alerta o texto na página da internet da Fundação Joaquim Nabuco, órgão federal, com sede em Recife. Vários dos trechos abaixo, portanto, são objeto de polêmicas entre os historiadores.

O Quilombo

Palmares surgiu a partir da reunião de negros fugidos da escravidão nos engenhos de açúcar da Zona da Mata nordestina, em torno do ano de 1600. Eles se estabeleceram na Serra da Barriga, onde hoje é o município de União dos Palmares (Alagoas). Ali, devido às condições de difícil acesso, puderam organizar-se em uma comunidade que, estima-se, chegou a reunir mais de 30 mil pessoas. Muitos dos quilombolas eram índios e brancos pobres.

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