Mato Grosso do Sul, Brasil. Jairo Sau Munduruku segue a tradição de seu povo: é um guerreiro. Ainda na época em que Portugal se considerava senhor das terras do que é hoje o Brasil, foi preciso o envio de inúmeras expedições militares para dar conta de contornar a resistência dos Mundurukus aos colonizadores no Vale do Tapajós. A região era dominada por esse povo. Atualmente, os quase 11 mil Mundurukus ainda vivem nessa região, espalhados nos estados do Pará, Amazônia e Mato Grosso. As estratégias de guerra mudaram, a educação indígena é hoje uma das principais armas de resistência, como nos ensina o professor Jairo Munduruku. Mas a luta segue praticamente a mesma: acabar com um modelo de desenvolvimento que ameaça seu território e sua cultura. Para isso, os demais povos indígenas da região tornaram-se seus principais aliados de guerra. Hoje, a maior luta desses povos é contra a construção das hidrelétricas na Amazônia. Os Mundurukus estão ameaçados especificamente pelo Complexo Tapajós, que prevê a instalação de cinco usinas hidrelétricas que impactarão diretamente as Terras Indígenas demarcadas Mundukuru e Sai Cinza. Jairo Munduruku, entretanto, deixa claro que o princípio de tudo não é combater um modelo de desenvolvimento, mas principalmente preservar um modelo que, embora ignorado, ainda pode ser a solução para o país.
OS TESOUROS
Nossas maiores preciosidades são a língua e a natureza, que são nossa cultura, nossa identidade. A naureza é de onde a gente tira o conhecimento, o alimento, nossos medicamentos. Ela é para nós como se fosse a mãe. A gente se alimenta dela, ela nos supri. Quando a gente precisa de alguma coisa está alí. Então alí estão escondidas várias sabedorias nossas.
Porque nós temos essa convivência, esse contato direto com a natureza. Nós aprendemos dela e vivemos assim em harmonia com a natureza, sem prejudicá-la. Nela está todo o conhecimento que nós temos. Esta ali, guardado. A floresta e o nosso conhecimento ainda serão reconhecidos como a grande preciosidade do Brasil.
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